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Por ocasião do incêndio do Edifício Joelma, em São Paulo, ocorrido no dia lº de fevereiro de 1974, o médium Francisco Cândido Xavier, em seu lar, em Uberaba (MG), ouvindo a notícia pelo rádio, reuniu-se em prece com quatro amigos, solicitando auxílio dos Benfeitores Espirituais para as vitimas .

Atendendo ao apelo apresenta-se o Mentor Espiritual Emmanuel e escreve, através do médium, comovedora prece inserida no livro "Diálogo dos Vivos".*

Dias depois, em reunião pública, na qual estavam presentes alguns familiares de vítimas do incêndio do Joelma, os poetas Cyro Costa e Cornélio Pires (Espíritos) manifestaram-se pela psicografia, ditando ao médium sonetos referentes à tragédia.
O soneto de Cyro Costa traz uma dedicatória e o transcrevemos, tal como está, no citado livro "Diálogo dos Vivos" (cap. 26, pág. 150)

Luz nas chamas

Fogo!... Amplia-se a voz no assombro em que se espalha.
Gritos, alterações... O tumulto domina. No templo do progresso, em garbos de oficina,
O coração se agita, a vida se estraçalha. Tanto fogo a luzir é mística fornalha e a presença da dor reflete a lei divina. Onde a fé se mantém, a prece descortina O passado remoto em longínqua batalha...
Varrem com fogo e pranto as sombras de outras eras Combatentes da Cruz em provações austeras, Conquanto heróis do mundo, honrando os tempos idos.
Na Terra o sofrimento, a angústia, a cinza, a escória... Mas ouvem-se no Além os hinos de vitória Das Milícias do Céu saudando os redimidos.
Tecendo comentários sobre o soneto de Cyro Costa, Herculano Pires (no livro retrocitado), pondera que somente a reencarnação pode explicar a ocorrência trágica.
Segundo o poeta as dívidas remontavam ao tempo das Cruzadas.
Estas foram realizadas entre os séculos XI e XIII e eram guerras extremamente cruéis com a agravante de terem sido praticadas em nome da fé cristã. Os historiadores relatam atos terríveis, crimes hediondos, chacinas vitimando adultos e crianças. Os débitos contraídos foram de tal gravidade que os resgates ocorreram a longo prazo. Tal como o do circo em Niterói. O que denota a Bondade Divina que permite ao infrator o parcelamento da dívida,
pois não haveria condição de quitá-la de uma só vez.

(Cornélio Pires)

Incêndio em São Paulo

Céu de São Paulo...
O dia recomeça...
O povo bom na rua lida e passa...
Nisso, aparece um rolo de fumaça
E o fogo para cima se arremessa.
A morte inesperada age possessa,
E enquanto ruge, espanca ou despedaça,
A Terra unida ao Céu a que se enlaça
É salvação e amor, servindo à pressa...
A cidade magoada e enternecida
É socorro chorando a despedida,
Trazendo o coração triste e deserto...
Mas vejo, em prece, além do povo aflito,
Braços de amor que chegam do Infinito
E caminhos de luz no céu aberto...

(Cyro Costa)

(Homenagem aos companheiros desencarnados no incêndio ocorrido na capital de São Paulo a 1º de fevereiro de 1974, em resgate dos derradeiros resquícios de culpa que ainda traziam na própria alma, remanescentes de compromissos adquiridos em guerra das Cruzadas.)

A idéia de que um ente querido tenha cometido crimes tão bárbaros às vezes não é bem aceita e muitos se revoltam diante dessas explicações, mas, conhecendo-se um pouco mais acerca do estágio evolutivo da Humanidade terrestre e do quanto é passageira e impermanente a vida humana, a compreensão se amplia e aceitam-se de forma mais resignada os desígnios do Criador. Por outro lado, que outra explicação atenderia melhor às nossas angustiosas indagações?

Estas orientações do Plano Maior sobre as provações coletivas expressam, é óbvio, o que ocorre igualmente no carma individual. Todavia, é compreensível que muitos indaguem como seria feita a aproximação dessas pessoas envolvidas em delitos no passado.

A literatura espírita, especialmente a mediúnica, tem trazido apreciáveis esclarecimentos sobre essa irresistível aproximação que une os seres afins, quando envolvidos em comprometimentos graves. A culpa, insculpida na consciência, promove a necessidade da reparação.
O Codificador leciona de forma admirável a respeito das expiações, em "O Céu e o Inferno" (Ed. FEB), cap. 7 - As penas futuras segundo o Espiritismo. Esclarece que "o Espírito é sempre o árbitro da própria sorte, podendo prolongar os sofrimentos pela permanência no mal, ou suavizá-los e anulá-los pela prática do bem".
Assim - expressa Kardec -, as condições para apagar os resultados de nossas faltas resumem-se em três: arrependimento, expiação e reparação.

"O arrependimento suaviza os travos da expiação, abrindo pela esperança o caminho da reabilitação; só a reparação, contudo, pode anular o efeito destruindo-lhe a causa.

Este o notável Código penal da vida futura, que tem 33 itens e que apresenta no último o seguinte resumo, em três princípios:

lº O sofrimento é inerente à imperfeição.

2º Toda imperfeição, assim como toda falta dela promanada, traz consigo o próprio castigo nas conseqüências naturais e inevitáveis: assim, a moléstia pune os excessos e da ociosidade nasce o tédio, sem que haja mister de uma condenação especial para cada falta ou indivíduo.

3º Podendo todo homem libertar-se das imperfeições por efeito da vontade, pode igualmente anular os males consecutivos e assegurar a felicidade futura.

A cada um segundo as suas obras, no Céu como na Terra:
- tal é a lei da Justiça Divina."
___________
* XAVIER, Francisco Cândido e PIRES, J. Herculano.

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"A maior caridade que podemos fazer pela Doutrina Espírita é a sua divulgação."

Chico Xavier & Emmanuel






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