DIA DE FINADOS Por Divaldo Franco
Curiosamente, o calendário cristão reservou o dia 1º de novembro para homenagear todos os santos e, de imediato, o dia 2 para dedicar aos mortos.
À medida que transcorreram os anos, as celebrações religiosas dedicadas aos desencarnados que se santificaram e aos que permaneceram na condição humana convencional foram-se modificando. Em alguns países, como ocorre no México, o dia dedicado aos mortos reveste-se de muitas tradições, mitos e superstições, sendo festivo sob qualquer ponto de vista considerado. Noutros países tornou-se uma oportunidade para evocar a saudade e a gratidão, envolvendo a memória dos seres queridos em afetividade. Procura-se melhorar a tumba, adorná-la de flores, realizam-se celebrações de cultos em sua homenagem, e o sentimento parece tão profundo que no Brasil é feriado, conforme o fora no passado o dedicado aos santos.
Nada obstante, os seres realmente amados são recordados todos os dias e não apenas nessa data, mantendo-se uma vinculação profunda por meio da oração, das memórias inolvidáveis, do carinho que não desaparece com a desencarnação.
Por sua vez, eles continuam a viver, cada qual em um estágio evolutivo, que resulta da sua conduta moral e espiritual quando se encontrava no corpo carnal.
Segundo algumas tradições teológicas, permanecem dormindo, na expectativa do fim do mundo, quando serão julgados e então liberados ou condenados eternamente.
É, sem dúvida, paradoxal esse comportamento, porquanto, aqueles que subiram aos altares na condição de santificados, não permaneceram adormecidos, nem foram submetidos ao Juízo final.
A verdade, no entanto, é que a morte jamais destrói a vida. O libertar do corpo é fenômeno biológico, porém, o ser tem existência imortal, permanecendo além da material com os valores armazenados ao largo das reencarnações mediantes as quais se depura e ascende a Deus.
São muito respeitáveis as celebrações afetivas em memória dos mortos. Nada obstante, se fossem transformadas as flores em pães e alimentos para os esfaimados da Terra, em carinhosa evocação dos seres queridos, os resultados seriam muito mais valiosos e benéficos para os doadores e os beneficiados.
Poderemos movimentar as pessoas à prática da caridade junto às criaturas sofredoras do mundo físico, aproveitando-nos desse dia singular, auxiliando-as a terem diminuída a miséria em que estorcegam e as dores que as maceram.
Ao invés de visitar-se os cemitérios onde os mesmos não se encontram, ir-se aos lares de idosos abandonados, de criancinhas desvalidas e de enfermos, levando-lhes bênçãos de amor com a presença e dádivas socorristas.
Teríamos um dia dedicado a minorar a solidão e exaltação da vida imortal.
Artigo publicado no jornal A Tarde, coluna Opinião, em 02-11-2017.
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