Vivência Espírita
Nos mais complexos e nos mais simples elementos da Natureza, encontramos o desafio à ação.
Um transatlântico erigir-se-á por maravilha de técnica, efetuada à custa de centenas de artífices, mas, se não enfrenta os perigos do mar alto, em auxílio do homem, descansará indefinidamente no cais, à feição de prodígio em ponto morto.
Uma biblioteca se destacará por celeiro de ensinamentos, reunindo os melhores autores, mas, se não é compulsada na formação de cultura, estará reduzida à condição de mausoléu do pensamento.
De maneira análoga, temos a convicção espírita em nossas vidas. Ela poderá representar a dádiva de numerosos benfeitores desencarnados, o apoio de muitos amigos, a cura de males diversos ou o tesouro de consolação acumulado por abençoadas revelações medianímicas, mas, se não rende serviço aos semelhantes ou educação em nós mesmos, não passará de promessa inútil.
É certo que, para atravessar os oceanos ou adquirir instruções na Terra, carecemos de barcos seguros e bons livros, os quais, aliás, não teriam maior significação, fora das regras de proveito e de uso.
De modo idêntico, sem a ideia espírita, ainda mesmo disfarçada sob conceitos diferentes, não alcançaremos a luz da fé raciocinada, capaz de descerrar- nos o caminho à verdade que nos fará livres; entretanto, somos forçados a reconhecer que não vale a escola do bem, sem a vivência no bem, como em nada adianta planejar sem fazer.