Geriatra do Hospital Albert Einstein revela em que as pessoas pensam quando sabem que vão morrer
Embora quase tudo que faz a gente perder o sono gire em torno de problemas concretos, nas fronteiras da vida, cuidando de pessoas que estão corajosamente enfrentando a realidade de seu fim de vida, ainda não ouvi ninguém dizer que a vida valeu a pena porque nunca foi demitido, nunca levou um fora ou nunca perdeu a paciência.
Ainda não ouvi ninguém se despedir da vida dizendo: “Morro feliz porque sempre tive bom-senso”. Nem dizer que está morrendo em paz porque tem casa própria ou porque teve um carro zero todo ano. As viagens mais importantes que fizeram foram aquelas em que puderam encontrar a si mesmos e à sua própria força e coragem, seja escalando altas montanhas ou numa volta no corredor do hospital onde puderam experimentar a vitória de caminhar sobre os próprios pés.
Por enquanto, ninguém me confidenciou que estava pronto para morrer porque sempre teve dinheiro guardado para uma eventualidade ou porque soube como esconder seus sentimentos. Aqueles que adoram repetir as palavras “nunca vou passar por isso” ou “sempre serei assim” devem se preparar para uma boa lição lá na frente da vida, quase na última curva da existência. As conversas sobre desejos finais giram em torno de três prioridades:
Ter feito diferença no mundo, ter deixado um legado
Ter tido a possibilidade de expressar sentimentos : amar, ser amado, perdoar e ser perdoado
Não ser esquecido.
No final, o que conta é o que não se conta. Recomendaria aos mais atentos que não deixem essas prioridades para o último ano, o ultimo mês ou a última hora. Sempre acreditamos que pode dar tempo lá na frente, mas se der tempo de ler essas linhas, faça acontecer essas maravilhas verdadeiras da vida hoje mesmo.
Autor: Ana Claudia Arantes, Geriatra do Hospital Israelita Albert Einstein de São Paulo
Fonte: Veja.com