Meu nome era Bernardo. Tive uma passagem breve nesse mundo...
Meu nome era Bernardo.
Tive uma passagem breve nesse mundo...
Nasci numa família rica e com prestígio.
Tinha uma mãezinha linda e carinhosa.
Meu pai...Bem meu pai nem tanto...
Um homem frio, distante, mas nunca perdi a esperança de conquistar o seu amor!!!
Tinha uma casa linda, enorme e aconchegante...
No entanto, meu lar era a rua.
Tinha uma família completa:pai, mãe, mas, minha família eram os amigos que conquistei.
Ah, com eles, passei momentos felizes que amenizaram meu sofrimento...
Minha mãe apesar,de jovem e saudável, morreu tão cedo, vítima de uma trama sórdida, tudo por causa de dinheiro...
Tive condições financeiras porém, passei fome e frio...
Gritei por socorro...
Lutei pra sobreviver...
Mas, só, não consegui vencer.
Ninguém me escutou...
Ninguém deu ouvidos ao meu choro...
Parece que olhavam para mim e não me viam...
Eu não queria dinheiro, eu queria carinho!!
Eu não desejava roupas caras, somente um abraço quentinho!!
Entretanto, sofria na escuridão do meu quarto, com dores na alma e no corpo...
Ao invés de um beijo na testa e um abraço amigo, meu pai me dava porrada e, depois me dopava para que eu dormisse e não o incomodasse...
Só queria amor, recebi ódio...
Por que?Não entendo.
Meu pai me deu a vida para depois me matar.
Quantas lágrimas derramei e, ele não percebeu que era por ele que sofria!!!
Meu pai, profissão médico, salvar vidas!!!
Porém, minha vida tirou!!!
Sua assinatura servia para receitar a cura...
Mas para mim, serviu para comprar a minha morte...
Meu pai, me deixou pra morrer.
Naquela cova fria que mandastes me colocar...
Quando acordei, senti o horror do abandono...
Chorei, gritei!!!
Não consegui sair daquele buraco escuro e sem ar.
Senti dores terríveis, minha pele queimava com o ácido que derramaram sobre mim...
Então me perguntava porque tanta maldade...O que fiz para merecer acabar assim???
Como se não bastasse saiu para comemorar e até um charuto fumou pela minha morte...Sua vitória...
Eu era somente uma criança lutando para sobreviver.
Um menino que queria brincar.
Queria que sentisse orgulho de mim...
Mas, meu pai, você não soube me amar!!!
Não foi capaz de ver nos meus olhos, a angustia que teu desprezo me causava...
No meu olhar existia amor pai...
Eu tinha tanto amor para te dar!!!
Eu era teu primogênito, o primeiro filho, aquele que iria dar seguimento ao teu nome...
E você me matou.
Destruiu meus sonhos, meu desejo de ser feliz...
Adeus, agora, não sinto mais dor...
Não estou chorando...
Meu Pai do Céu me amparou...
Agora, durmo um sono tranquilo, não tenho mais pesadelos...
E quando chegar tua velhice pai, lembre desse teu filho que você não quiz amar...
Que os anjos protejam minha vózinha Jussara e, que dê forças para ela continuar sem mim e minha mãezinha...
E, algum dia, espero rever a todos que, de alguma forma, me amaram...
Enquanto esse dia não chega, sejam felizes, sem mim...
"Esse tipo de crime perdura até hoje na sociedade brasileira, assim como o caso de Isabella Nardonni e outras crianças que tinham uma vida inteira pela frente".
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Obs: Esse texto não se trata de uma psicografia do menino Bernardo, apenas uma reflexão sobre o caso.