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Tudo foi acontecendo aos poucos. Eu falava e ninguém ouvia. Eu dizia: -
Desliguem a TV, por favor! E... Nada. Então eu gritava: Desliguem a TV! E
depois de repetir várias vezes, eu mesma tinha que desligá-la.
Eu percebi isso em outras situações. Meu marido e eu estávamos numa festa há
horas. E eu já estava pronta para ir embora. Eu fui saindo. Ele estava
conversando com um amigo e... Continuou conversando! Ele nem se virou!
Foi, então, que eu percebi: Ele não consegue me ver. Eu sou INVISÍVEL! Eu sou
INVISÍVEL!

Eu fui notando cada vez mais. Eu levava meu filho para a escola e a professora
perguntava: Jack, quem é essa com você? E ele dizia: Ninguém! Ele só tem 5
anos e eu já sou: Ninguém!

Numa noite dessas, nosso círculo de amizades se reuniu celebrando a volta de
uma amiga da Inglaterra. Janice contava tudo sobre a viagem e eu olhava as
outras mulheres na mesa.

Eu tinha me maquiado no carro, usava um vestido qualquer, e meu cabelo sujo
estava com um prendedor velho. Estava me sentindo ridícula. Janice veio até
mim e disse: Eu te trouxe isto. Era um livro sobre as grandes catedrais da Europa.
Eu não entendi até ler a dedicatória: "Com admiração por tudo de bom que você
constrói e ninguém vê." Ao chegar em casa comecei a folhear e ler os textos...
Não se sabem os nomes de quem construiu as grandes catedrais. Você procura,
mas só acha: Construtor desconhecido... Desconhecido... Desconhecido... Eles
completaram obras sem saber se jamais seriam reconhecidos.

Há uma história sobre um dos construtores que estava esculpindo um passarinho
que seria coberto por um telhado. Alguém lhe disse: Por que gastar tanto tempo
fazendo algo que ninguém verá? E no livro diz que ele respondeu: "Por que?
Porque Deus vê!"

Eles acreditavam, eles sabiam que Deus vê tudo. Deram sua vida por obras que
nunca viram concluídas! Algumas catedrais levaram mais de 100 anos para
ficarem prontas. Isso é muito mais que a vida útil de um trabalhador.
Sacrificaram-se dia após dia para não terem qualquer reconhecimento. Numa
obra que não veriam concluída. Um dos escritores chega a dizer que nenhuma
grande catedral será novamente erguida, porque há pouquíssimas pessoas
dispostas a tanto sacrifício.

Eu fechei o livro... e meditei... era como se Deus me dissesse: "Eu te vejo."
Você não é invisível para mim! Nenhum sacrifício é tão pequeno que eu não
veja. Eu sorrio ao ver cada bolo que você faz, cada botão pregado... Vejo cada
lágrima de decepção quando as coisas vão mal. Mas lembre-se: Você está
construindo uma catedral! Ela não ficará pronta durante a sua vida. E,
infelizmente, você nunca entrará nela. Mas se você construí-la bem, Eu entrarei!
Às vezes a invisibilidade me afligia. Mas entendi que ela não é a doença que
apaga a minha vida. Ela é a cura para a doença do egocentrismo. É antídoto para
o meu orgulho. Não importa se os outros não me vêem. Não importa se meu filho
disser a um amigo que for lá em casa: Você não vai acreditar no que a minha mãe
faz: Ela acorda às quatro da manhã, cozinha, passa a roupa... Ainda que eu faça
tudo isso... eu quero que meu filho se sinta feliz ao voltar pra casa. E diga ao seu
amiguinho: Você vai adorar ir lá em casa.

Não importa se os outros não me vêem, não trabalhamos para as pessoas,
trabalhamos para Deus. Sacrificamo-nos por Ele. Os outros nunca prestarão
atenção, por melhor que trabalhemos. Oremos para que o nosso trabalho fique
como um monumento para o nosso Deus!

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"A maior caridade que podemos fazer pela Doutrina Espírita é a sua divulgação."

Chico Xavier & Emmanuel





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