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"Sofia não se intimidou com câmeras e começou a dançar ao som do ukelele tocado por seu Médico em Ribeirão Preto"
Um vídeo gravado na ala de oncologia do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP) e que mostra uma paciente mirim dançando enquanto um médico da instituição toca um ukelele viralizou nas redes sociais e foi assistido mais de 250 mil vezes apenas em sua postagem original. O pediatra Paulo Martins afirma que ficou surpreso com a repercussão e diz que queria apenas tocar uma música para alegrar a pequena Sofia, que tem 1 ano e 4 meses, e sofre de Histiocitose de células de Langerhans.
O momento foi registrado no dia 13 de março. Paulo afirma que levou o ukelele para o hospital com a intenção de tentar alegrar seus pacientes mais novos, que em grande parte são adolescentes com algum tipo de câncer. O profissional explica que sempre tenta aliar os tratamentos mais tradicionais com terapias para animar os enfermos.
“O paciente adolescente tem mais consciência da doença que o afeta e isso acaba gerando uma tristeza, vira um ciclo vicioso e eu combinei com eles que no dia seguinte ia levar um ukelele, aquele instrumento havaiano de cordas, para fazermos um momento bacana e pedi que cada um escolhesse duas ou três músicas para que eu tocasse no dia seguinte”, explica.
Sofia não se intimidou com câmeras e começou a dançar ao som de ukelele em Ribeirão Preto.
Ao notar que o dia estava tranquilo na ala de oncologia, Paulo se reuniu com outras duas médicas residentes e começou a visitar cada um dos pacientes e tocava as músicas escolhidas por eles. Durante o trajeto entre um quarto e outro, entretanto, ele começou a notar que uma pequena paciente o seguia de quarto em quarto para ouvir o ukelele.
“Eu notei que havia uma pequenininha que ficava me observando e era a Sofia. Quando eu saí do último quarto não teve jeito. A Sofia estava lá me olhando de baixo pra cima e o pai pediu 'doutor Paulo, toca uma música pra ela' e eu respondi dizendo que não sabia nenhuma música infantil. Nisso ele me disse que não tinha problema e que eu poderia cantar qualquer música da Marília Mendonça que ela gostaria. Comecei a tocar aquela 'Eu sei de Cor' e o resultado é aquele vídeo maravilhoso”, explica.
Paulo conta que o vídeo foi gravado por acaso após o pedido de uma adolescente que tem câncer e não pode se levantar da cama. Ao ouvir os outros pacientes e médicos relatando o momento em que Sofia começou a dançar ela pediu para que sua mãe fizesse o registro em vídeo.
“Acabou que o vídeo viralizou. Mandaram pra mim, a mãe autorizou e divulgamos. Em 24 horas foram 10 mil compartilhamentos, fugiu completamente do nosso alcance. Eu não imaginava que algo tão simples fosse capaz de repercutir tanto, mas acho que a gente está tão carente de coisas boas, precisando tanto ver coisas boas que acabou sendo abraçado isso”.
O pediatra Paulo Martins afirma que não esperava que vídeo fosse fazer tanto sucesso.
Sofia, entretanto, não é uma paciente que permanece internada na ala de oncologia para receber acompanhamento médico diariamente. Paulo explica que ela estava ali no dia para ser submetida a uma sessão de quimioterapia e acabou seguindo o pediatra ao ouvir o ukelele pelos corredores do Hospital das Clínicas.
A mãe da menina diz que ela sofre de Histiocitose de células de Langerhans, doença que faz com que várias marcas surjam na pele do paciente. Ela afirma que ainda não existem muitos estudos sobre a patologia, mas diz que Sofia está se recuperando bem e o momento de descontração foi bom tanto para a paciente quanto para seus pais.
"A gente não sabia que ele ia trazer o instrumento no dia e ele começou a tocar para os pacientes no fim da tarde. Foi nessa hora que a Sofia saiu dançando porque ela não é uma criança desanimada. Eu realmente não esperava essa repercussão toda", afirma a dona de casa Mayara Cristiane Bueno.
Já o médico residente afirma que a pequena apresentação musical não alegrou apenas seus pacientes e Sofia, mas também outras pessoas que ele afirmou terem ficado emocionadas com o vídeo publicado na internet.
“Só tomei conhecimento da proporção quando fui olhar mensagens na minha caixa de entrada no Facebook e comecei a ver mensagens de pessoas que diziam coisas tipo: 'Doutor, meu filho faleceu há dois meses. Estava pensando em fazer uma besteira quando vi o vídeo e aí desisti'. E outros relatando que perderam outros parentes e que choram todos os dias, mas voltaram a sorrir com o vídeo. Foi quando percebi que o vídeo estava transmitindo a mensagem necessária”, conclui.